quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Este homem é um verdadeiro ARTISTA!!!

(Rufus Wainwright, ontem, no Coliseu, em Lisboa)
Não fazia ideia quem ele era nem o que é que cantava. Arranjei bilhetes cá na Sic para o ir ver, e claro, lá fui, não se passam estas coisas!
O tipo além de ser um artista incrível, é um entertainer. O concerto foi lindo! O tipo tem uma voz inacreditável! É completamente gay, e goza com isso! (Basta ver as suas próprias palavras a contar que tinha ido ver o Museu dos Coches em Belém: "I'm, such a little princesse"!!!)
O baterista fazia anos e cantaram-se os parabéns, a mãe dele subiu a palco com ele e cantaram (e ela tocou) duas músicas. No fim vestiu-se de mulher e deu o maior show!!!
Para quem não conhece aconselho! E se puderem vão a um concerto dele!!
Deixo-vos um artigo que encontrei na net, sobre o concerto de ontem! Vale a pena ler! É uma descrição bem pintada do que foi ontem!
Numa entrevista à BLITZ, a publicar muito em breve, Rufus Wainwright assegurou que não se importa que alguns críticos menosprezem o seu talento como músico, preferindo salientar, de forma pejorativa, a sua excentricidade.
«Se todos gostassem de mim, não ficava bem na minha biografia!», explicou-nos entre risos de uma espontaneidade que, ontem à noite, foi uma das chaves do sucesso do concerto no Coliseu dos Recreios.Rufus sabe quem é – um compositor e intérprete de talento, um performer fora-de-série – e para onde quer ir. Talvez nunca almeje o estrelato com que sonha, pois por mais orquestrais e «adultas» que as suas composições se tenham vindo a tornar, a maior parte dos temas que escreve continuam a ser trespassados por um intimismo que não se dá bem com as massas. Ainda assim, e como o canadiano bem notou, o coliseu estava ontem bem mais cheio do que na sua última passagem por Lisboa. «Estavam umas 200 pessoas e parecia que estão a ver outro espectáculo qualquer», recordou ontem o autor de Release The Stars , álbum que veio promover.
Foi com o tema-título do seu quinto longa-duração, aliás, que Rufus Wainwright deu começo ao espectáculo. Com uma numerosa banda de contrabaixista, baterista, saxofonista, trompetista, guitarrista, tocador de banjo e pianista, a «princesinha sem trono», como a certa altura se auto-denominou, surgiu em palco de fato às riscas brancas e vermelhas, com «remendos» prateados a dizer com a cor dos sapatos. O primeiro ataque foi desferido com uma versão apoteótica de «Release The Stars», para logo de seguida o foco mudar da «big band» para o filho de Loudon Wainwright III, sozinho ao piano, numa bela interpretação de «Going To A Town», o primeiro single do novo disco.Inspirado na comunicação com o público, Rufus Wainwright tem graça e verve, mesmo quando (ou sobretudo quando) não está a tentar.
Castelos mágicos, o Museu dos Coches em Belém, o Terramoto de 1755, a noite em que bebeu demais e, num concerto na Áustria, disse ser o novo Mozart – «Juro que vi o Mozart atrás de mim, a dar-me uma chapada! Realmente não sou o novo Mozart. Sou o novo Mendelssohn!», brincou. Tudo serve para criar empatia com a audiência (plateia sentada cheia, balcões bem compostos), sem no entanto cair em tagarelices estéreis ou que se sobreponham à música.A maior fatia no concerto de ontem foi dedicada ao novo Release The Stars , disco em que Rufus tenta realmente atingir o céu, afastando-se definitivamente da deliciosa ingenuidade dos seus primeiros dois álbuns.
Como tira-gosto de tanta pompa e porque, de facto, são excelentes canções, «Danny Boy», «Cigarettes and Chocolate Milk», «Poses» e a fabulosa «Barcelona», com a mãe Kate McGarrigle ao piano, caíram que nem ginjas. Numa noite em que vimos todas as faces de Rufus – hedonista, sensível, lido, disparatado, fantasioso – aquelas músicas, todas pertencentes à estreia homónima ou a Poses , mostraram o Rufus que não volta mais mas que teima em aparecer em ocasiões especiais, como o concerto de ontem.
É possível que o homem faça isto em todas as cidades por onde passa, mas como não é todos os dias que vemos um concerto de quase três horas que vai da seriedade possível do novo álbum (a espectral «Leaving For Paris» foi um dos melhores momentos da noite) à euforia desorientada de Want One («Beautiful Child» ou «14th Street», em encorpadas e muito aplaudidas versões), preferimos acreditar que a quarta passagem de Rufus Wainwright por Portugal foi realmente especial.E depois há, é claro, o Rufus teatral, cartoonesco e de cabaret, faceta que tanto o leva a elogiar Judy Garland (com «Foggy Day In London», de Gershwin, e «If Love Were All», sentidas e respeitosas) como a passar a segunda metade do concerto de traje austríaco (calção com suspensórios, como visto nas fotos de promoção).
Ou a decidir cantar, sem microfone, uma canção tradicional irlandesa («Macushla»), num momento absolutamente surreal e despojado que, de forma paradoxal, foi o que mais se aproximou, em todo o concerto, do género que Rufus ama: a ópera.Os detractores de Rufus gostarão de saber que no primeiro encore, depois de um concerto onde houve tempo para cantar os parabéns ao baterista, com bolo de aniversário e tudo, e pôr a professora de ioga a recitar a parte final de «Between My Legs», o cantor se apresentou em palco de singelo roupão branco.
A transformação ficaria completa na derradeira subida a palco, já depois da aguardada interpretação de «Somewhere Over The Rainbow». Rufus maquilhou-se, colocou um par de brincos e dançou ao som do seu playback de «Get Happy», da heroína Judy Garland. Os seus preparos: collants negras, saltos bem altos, casaco de smoking e chapéu de feltro. Os músicos da banda, que o rodearam em esforçadas coreografias e cambalhotas, voltaram à sobriedade para a última música do concerto: a apropriada «Gay Messiah».De Lisboa, Rufus Wainwright levou a imagem da maior concentração de cabelo negro que alguma vez avistou e o «fantasma musical» que diz assombrar a cidade onde Maria Callas cantou La Traviata , em 1958.
De Rufus Wainwright, o público português recebeu, de bandeja, possivelmente o melhor concerto dos quatro que o artista já deu em solo nacional. Boas notícias para a fã que, à saída do concerto e enquanto esperava táxi, explicava aos «vizinhos» de fila como tinha valido a pena vir propositadamente de Faro para ver, pela primeira vez, Rufus Wainwright.

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